Neblina negra

Escuridão total. Eu me vejo mergulhado por completo nas trevas, sem escapatória, sem liberdade, amor ou vida. Uma escuridão que me aprisiona e eu nem sei porque, que me tira o pouco que tenho num piscar tão rápido de olhos que parece que na verdade eu nem pisco. Sim, é isso, eu não pisco. Fecho os olhos lentamente. E os mantenho fechados. É isso, mantenho fechados.

Escuridão total. Uma escuridão tão insana que me leva a acreditar que é normal. Que diabos? Isso não pode ser normal!

Dúvida. Não sei se estou perto ou longe, se estou morto ou vivo. Mas eu no fundo sei que isso não é real. Não pode ser real!

Ela exala um perfume tão doce, amigável, feroz e fatal. Ela exala tão acalentador aconchego que me faz sentir tão bem. Então por que evitar? Por que simplesmente não ir em frente e esquecer tudo isso? Se jogar! Podia ser só meu coração acelerado, só um leve embrulho no estômago e um leve rosar das bochechas, mas não, é ela me convidando mais uma vez para dançar, para sentir seu cheiro, escutar seu choro e criar um devaneio único em minha mente. É ela me tornando louco, completamente desvairado sem entender nem mesmo onde estou. É ela naufragando tudo o que há de mais puro dentro de mim.

Escuridão total. Chega o ponto em que eu vou ficando sem ar. Minha cabeça gira ao som da sua canção. Canção que traz a esperança de um dia ver a luz de novo e que em cada verso tem uma sentença de morte que destrói completamente essa possibilidade.


Morte. Olhos abertos. De frente com aquela que me tirou tudo, menos a vontade de viver. Viver para que? Talvez para pensar que um dia mergulharei na neblina negra de seus olhos ao menos mais uma vez.

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