Um vírus e uma vanguarda compulsória

Em história da arte, chama-se vanguardista o movimento que encabeça o rompimento com o "status quo ant". "Vanguarda" vem do francês "avant-garde", que denomina a parte frontal do exército. Pode ser entendido, portanto, como movimento de profunda mudança.

Em outras palavras, vanguarda pode ser tudo que destrói o clássico, que quebra um paradigma há muito posto. Que questiona modelos replicados há séculos como ideais ou ao menos mais adequados.

A vanguarda varia com a cultura, com o ambiente, com o contexto histórico, mas se há uma unanimidade na definição da palavra é a de que qualquer quebra no "modelo" intrinsecamente sociológico político, econômico ou jurídico, de alguma maneira imposto, pode ser chamado de vanguarda.

Da invenção do fogo ou do papel ao advento da internet, dá revolução burguesa em 1788 à Constitucionalista de 1932,  tudo pode ser considerado rompimento repentino afeto á diferentes fatores que ampliam, restringem ou simplesmente mudam a forma como se consome, se trabalha, se alimenta, se ama, enfim, se vive.

Quem diria que chegaríamos até aqui? Depois de escravidão, nazismo, holocausto e 3 guerras mundiais...depois de termos inventado o cinema, as artes plásticas, a música. Depois de o ano em "De volta para o futuro" ter sido ultrapassado.

Quem diria que um vírus viria para romper com toda a forma que vivemos mundialmente?

Sim, ainda sobre o protesto dos mais conservadores, podemos concordar cada vez mais que nossas vidas vão mudar. A forma como consumismos, como nos relacionamos, a forma como desenvolvemos e registramos a história, a política, as ciências e a importância que daremos a tudo isso.

Não, não passaremos de uma hora para outra para uma distopia huxleyliana (espero), mas há de se pensar que as velhas discussões sobre keynisianismo x Laissez-faire, República Social x Monarquia Parlamentarista, existencialismo x nilismo, biscoito x bolacha, farão definitivamente parte do passado.

Nenhuma das disputas globais históricas ou atuais deu cabo de apresentar uma solução ao problema que o mundo enfrenta hoje e não será diferente no futuro.

A pandemia serviu ao menos para mostrar o quanto somos dependentes uns dos outros, o quanto somos voláteis frente ao mundo e principalmente quão insignificantes são nossas escolhas.

Que esse período nos transforme como os movimentos de vanguarda na história jamais fizeram, que saibamos administrar o tempo com o que realmente importa e que aprendamos de uma vez por todas o significado elementar da vida.

Enquanto esse aprendizado não vem...que fiquemos em casa!

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